Atualizado em 04 de nov. de 21

Grupo XIX de Teatro encerra mostra de repertório online com 19 horas de espetáculos

Quem perdeu a mostra online de 19 anos do grupo o Grupo XIX de Teatro vai ter mais uma chance. No dia 5 de novembro, acontece o evento especial 19 anos em 19 horas, onde será possível assistir os espetáculos on demand. O evento começa às 19h com uma conversa com o crítico Wellington Andrade. A proposta é refletir sobre as peças que marcaram a trajetória do grupo para ressignificar seus próprios contextos originais de criação.


O público poderá ver ou rever oito espetáculos do grupo que, em muitos momentos, direcionou sua pesquisa para a preservação e o resgate da memória. São eles: HysteriaHygieneArrufosMarcha Para Zenturo (em parceria com o Grupo Espanca), Nada Aconteceu, Tudo Acontece e Tudo Está AcontecendoEstrada do Sul (em parceria com o Teatro Dell’Argine), Teorema 21 e o infantil Hoje O Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar.


O premiado grupo paulistano formado pelos atores-criadores Janaina LeiteJuliana SanchesLuiz Fernando MarquesRonaldo SerruyaRodolfo Amorim e Paulo Celestino, mantém residência e pesquisa contínua dentro da Vila Operária Maria Zélia, Zona Leste da capital paulista. A mostra integra uma série de atividades que estavam previstas para acontecer no ano passado para celebrar os 19 anos de trajetória da companhia. Com a pandemia, o projeto foi adiado e reformulado para o formato digital, com transmissão pelo Zoom e pelo canal do YouTube Grupo XIX de Teatro.


Os espetáculos da programação

Hysteria foi a primeira peça montada pelo grupo e estreou em 2001, em criação coletiva com direção de Luiz Fernando Marques. Ganhou 5 prêmios, incluindo o de revelação teatral pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), além de ter sido indicada para o Prêmio Shell de Teatro.

 

A história de passa no final do século 19, nas dependências de um hospício feminino. Cinco personagens internadas como histéricas revelam seus desvios e contradições – reflexos diretos de uma sociedade em transição, na qual os valores burgueses tentavam adequar a mulher a um novo pacto social. Cenicamente, abdica-se do palco e dos recursos de sonoplastia e iluminação, optando-se por um espaço não convencional, onde a plateia masculina é separada da feminina que é convidada a interagir com as atrizes. Esta interação, aliada a textos previamente elaborados, gera uma dramaturgia híbrida e única a cada apresentação.

Hygiene estreou em 2005, encenada à luz do dia, nos prédios históricos da Vila Operária Maria Zélia. Com criação coletiva e direção de Luiz Fernando Marques, é baseada em uma pesquisa sobre o processo de higienização urbana no Brasil do final do século 19, onde um grande contingente de culturas e ideias dividem o mesmo teto – o cortiço. Desse caldeirão de misturas surgem os embriões de importantes manifestações de nossa identidade, assim como as desigualdades sociais que marcam profundamente os nossos dilemas atuais.


Por esta peça o grupo foi indicado ao prêmio Shell de Teatro e ao Prêmio Bravo! Prime de Cultura como um dos três melhores espetáculos do ano e foi premiado como melhor espetáculo no Prêmio Qualidade Brasil 2005 - São Paulo.


Arrufos, de 2007, criação coletiva com direção de Luiz Fernando Marques, é resultado de pesquisa em torno da história do amor privado no Brasil, o amor burguês, socialmente aceito, e seus desdobramentos até os dias atuais. O espetáculo propõe, junto com a plateia, uma reflexão sobre o desejo de amar e ser amado. Arrufo significa briga sem importância entre pessoas que se amam.


Toda a iluminação vem de 50 abajures que o espectador apaga no início do espetáculo e, aos poucos, voltam a ser acesos pelos atores. A direção de arte de Renato Bolelli Rebouças (vencedor do Prêmio Shell em 2008 por este espetáculo), acomoda o público em arquibancadas formando uma espécie de “parede de alcova”. Sentados em almofadas, a plateia é convidada a sentar em dupla, mesmo quando não o são promovendo assim o encontro.


Marcha para Zenturo é uma parceria artística entre o Grupo XIX e o Espanca!, de Belo Horizonte (MG). Com texto de Grace Passô e direção de Luiz Fernando Marques, os dois grupos se uniram para a concepção de um trabalho onde o exercício da troca, o olhar sobre o outro, a atração do desconhecido, se revelam como força não só para a realização de um projeto de arte, mas sobretudo para a possibilidade de pensar o homem e as relações que ele estabelece na diferença e na igualdade.


O espetáculo traz uma reflexão sobre o processo vertiginoso do tempo. A história se passa no reveillón de 2.441. Enquanto uma multidão se manifesta nas ruas gritando por algo que não se sabe o que é, uma turma de amigos se reencontra para celebrar o ano novo. Este encontro detona lembranças e reflexões sobre como o tempo transcorreu em suas vidas. O espetáculo estreou em 2010 e foi indicado ao prêmio Usiminas/Sinparc-MG nas categorias texto, luz, cenário e figurino.


Nada Aconteceu, Tudo Acontece, Tudo Está Acontecendo estreou no centenário de Nelson Rodrigues, em 2013, quando o XIX criou uma livre versão para Vestido de Noiva, em parceria com o dramaturgo Alexandre Dal Farra. Na releitura dirigida por Luiz Fernando Marques e Janaina Leite, o público acompanha a personagem Alaíde nas duas horas que precedem a sua cerimônia de casamento com Pedro. A sede do grupo, na Vila Maria Zélia, foi transformada em um salão de festas para receber o casamento. 


Inseridos dramaturgicamente como convidados da cerimônia, os espectadores assistem às cenas sentados à mesa da festa, tomando vinho e petiscando salgadinhos. Num surto onde realidade e ficção se confundem, vemos emergir um universo de recalques que, aponta, na verdade, para uma rigidez e um arcaísmo que é a imagem do próprio Brasil.


Estrada do Sul, também de 2013 é uma parceria com o Teatro Dell’Argine, da Itália, a partir da obra A Autoestrada do Sul, de Julio Cortázar (1914-1984), com direção e dramaturgia de Pietro Floridia. Em uma estrada que leva a uma grande cidade, em um retorno de um domingo de férias, por circunstâncias misteriosas que ninguém nunca conseguirá esclarecer, se cria um engarrafamento.


O espetáculo acontece na rua com 23 atores ocupando 18 carros. O público assiste e participa do espetáculo dividindo os carros com os personagens presos nesse engarrafamento. A peça começa dentro dos carros, onde os atores, contam suas histórias, comentam a situação, interagem com o público-passageiro. Algumas cenas acontecem entre os carros, estabelecendo relações entre os passageiros para decidir o que fazer diante de problemas como alimentação, o sono, os atritos, as possíveis alternativas na expectativa de sair daquele engarrafamento. Cada sessão é única e incomparável para cada espectador.

 

Teorema 21 tem texto do dramaturgo Alexandre Dal Farra, livremente inspirado na obra Teorema, do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975). Com direção de Luiz Fernando Marques e Janaina Leite, a peça gira em torno de uma família que retorna ao seu antigo lar. Ao buscar novas possibilidades de existência nesse ambiente antigo, recriam as suas relações e experimentam novas formas de contato. Tudo parece estável. Mais do que isso, estagnado. A chegada de um estrangeiro ameaça transformar a estrutura dessa família.


A montagem é encenada ao entardecer na antiga escola de meninas, hoje desativada, localizada dentro da Vila Maria Zélia, um lugar quase sem teto, com as paredes em ruinas, em meio aos escombros. Ao entrar no espaço e ocupar as cadeiras giratórias dispostas aleatoriamente, o público é inserido na sala de estar e pode girar as cadeiras para escolher o melhor ângulo para cada cena.


Hoje O Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar é o primeiro espetáculo infantil do XIX. Com dramaturgia de Ronaldo Serruya e direção de Luiz Fernando Marques e Rodolfo Amorim, o processo criativo para montagem foi inspirado pelo romance De Repente, Nas Profundezas do Bosque, do escritor israelense Amós Oz (1939-2018). A encenação apresenta ao público infantil temas delicados como os efeitos da discriminação e do tratamento indesejado, o bullying e a consciência de que o “outro” também tem medos, fragilidades e inseguranças.


O espetáculo estreou em 2018, no Centro Cultural Banco do Brasil - São Paulo, como uma experiência itinerante, numa relação direta com o espaço arquitetônico. A plateia era convidada para um passeio por dentro do prédio histórico, saindo da sala do teatro, passando pelo palco, pelos urdimentos, pelas coxias. Nessa experiência teatral imersiva, o cenário se transformou numa instalação inspirada no trabalho da artista mineira Lygia Clark, usando estímulos com o escuro, claro, barulhos e diferentes texturas para provocar os sentidos da plateia.


Serviço:

Grupo XIX de Teatro - 19 anos em 19 horas

Dia 5 de novembro, sexta-feira

19h - conversa com Wellington Andrade + exibição das peças da mostra - on demand

 

Classificação: Livre

Ingressos gratuitos.

Transmissão pelo Zoom.

Reservas em sympla.com.br/grupoxixdeteatro

 

Grupo XIX nas redes sociais: Instagram @grupoxixdeteatro / facebook.com/grupoxix



Fonte: Assessiria de Imprensa

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