Atualizado em 17 de nov. de 22
Arlette Kalaigian inaugura ‘Onde o rio encontra o mar’ com referências ao corpo e a paisagens
A Casa Contemporânea apresenta a primeira individual da pintora, artista e pesquisadora Arlette Kalaigian que reúne cerca de 40 trabalhos, com curadoria de Rejane Cintrão. São pinturas, desenhos, esculturas e instalações realizados nos últimos seis anos de intensa produção. O vernissage acontece no sábado (19/11), das 11h às 17h, na galeria Casa Contemporânea - Rua Capitão Macedo 370, Vila Mariana, São Paulo. A mostra fica em cartaz até 17 de dezembro.
Os trabalhos de Onde o rio encontra o mar estão expostos em quatro salas: as séries Corpo Paisagem, Das Cores ao Ocaso e a pintura Porto Suburbano ocupam a sala à direita da entrada da casa e foram escolhidas por suas muitas tonalidades de azul, obtidos por meio da mistura de várias cores, nas quais imagens que sugerem corpos femininos, podem, também, serem vistas como paisagens. Nesta mesma sala, encontra-se a pintura Chuva (2016), a mais antiga na exposição. A área central da Casa abriga os trabalhos em tons avermelhados, de diversas técnicas, instalados em torno da escada que liga o térreo ao andar superior, aludindo ao interior do nosso corpo. Na sala à esquerda da entrada, se encontram trabalhos em preto, branco e cinza, inspirados em pedras, elementos da natureza utilizados como marcos de territórios e na construção de casas desde os primórdios da humanidade, mas, também, como recurso terapêutico na cura espiritual. Delas, vem o título que a exposição toma emprestado: Onde o rio encontra o mar, vislumbrado pela artista após uma recente viagem à Florianópolis. Importante destacarmos que os poéticos títulos das obras fazem parte do trabalho e não devem passar despercebidos.
A última sala, localizada no andar superior da Casa, abriga as séries de pinturas sobre linho realizadas recentemente, Que solo habitamos?, Nem tudo é o que parece ser, e Aprumo. Na parede central, a pintura da série Éntera (2019), cujas formas ameboides que deram início a todas as outras instaladas na exposição, fecham ou reiniciam este ciclo de passagem pela vida e obra da artista. O trabalho mais recente está localizado no lado externo da casa, e é visto ao entrarmos ou sairmos dela, revelando, de forma muito pessoal e emocionante, seu corpo e sua vida.
A exposição é uma pequena seleção feita a partir de uma ampla e profícua pesquisa de Arlette Kalaigian sobre a manufatura dos pigmentos e dos materiais empregados em seus trabalhos ao longo dos últimos anos e que teve seu corpo como protagonista, e sua história como mulher brasileira descendente de armênios como pano de fundo. Todas essas questões são abordadas em seu trabalho poeticamente, quer pelos títulos, quer pelas formas e cores que ocupam o espaço da Casa Contemporânea, território da artista durante o período da exposição.
Arlette Kalaigian - Bacharel em artes plásticas pela Universidade Mackenzie e pesquisadora. As imagens internas e externas do corpo são o tema-eixo central das minhas investigações em pinturas, esculturas, instalações e desenhos. Referências de livros de anatomia, imagens observadas na natureza e imagens pesquisadas na internet de lâminas de sangue para desenvolver seu trabalho que simula texturas, cores e formas, na intenção de abordar as questões acerca da natureza humana, retratando os corpos que habitamos e as relações vivenciadas na contemporaneidade. Participou e ainda faz parte de vários grupos de estudos com Rejane Cintrão, Julia Lima e Bruno Novaes, Paulo Gallina, Nancy Betts e Márcio Harum. Fez parte do Primeiro Programa de Formação de Artistas, com curadores e orientadores como na Casa Tato (2020). Participou de exposições coletivas em São Paulo, Belo Horizonte e Milão.
Casa Contemporânea - Há 13 anos, a Casa Contemporânea é um espaço multidisciplinar que realiza exposições, encontros e debates sobre arte e assuntos correlatos. Idealizado por Marcia Gadioli, artista visual, e por Marcelo Salles, arquiteto e curador, está instalada em um sobrado da década de 1940 que, com adaptações pontuais, transformou-se em galeria para exposições de arte contemporânea e comercialização, além de atelier voltado a grupos de discussão e de estudos, propiciando a complementação da formação de artistas visuais. O conceito que orienta o espaço foi o crossover típico da contemporaneidade em um ambiente aconchegante e despojado onde as pessoas sintam-se em casa. Um local para discutir, ver e pensar.