Atualizado em 08 de set. de 21

X Transfusão destaca o Brasil multilíngue; Evento é organizado pelo Centro de Estudos de Tradução Literária do museu Casa Guilherme de Almeida


Com mais de 20 convidados, o Encontro de Tradutores aborda a diversidade linguística existente em território nacional, sobretudo as línguas indígenas, africanas e Libras


A partir do dia 8 de setembro ocorre a décima edição do Transfusão – Encontro de Tradutores da Casa Guilherme de Almeida, composto de debates, palestras e apresentações centrados no tema da diversidade e dos direitos linguísticos. O objetivo é mostrar e lembrar que o Brasil é um país multilíngue, no qual o português convive com 274 línguas indígenas (segundo o Censo de 2010), “línguas especiais” remanescentes de idiomas africanos e com a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Durante cinco dias, 8 a 12 de setembro, o público poderá assistir e interagir com as atividades e convidados em plataforma online, ao vivo. As inscrições estão abertas neste link (clique aqui). A programação é gratuita e composta por diversos recortes: o trânsito interlingual, a passagem por tradições poéticas extraocidentais (do oral ao escrito), a travessia do poético entre os códigos verbal e gestual, tradução de tradições afrodiaspóricas, abordagens tradutórias dedicadas às questões de gênero, diversidade do ponto de vista de tradutores de textos sagrados judaicos, cristãos e islâmicos, pesquisa sobre a interculturalidade dos processos tradutórios do candomblé, além do cenário literário de outros países multilíngues como a Bélgica e a Suíça.

Com concepção e mediação de Simone Homem de Mello – poeta, escritora, tradutora literária dedicada à poesia moderna e contemporânea de língua alemã, e coordenadora do Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida – o X Transfusão abordará a identidade e a alteridade na perspectiva da tradução literária. Por isso, conta com diversos especialistas, pesquisadores, tradutores e lideranças de povos originários. Para conhecer todos os nomes que participam, acesse a programação completa no site do museu Casa Guilherme de Andrade (aqui).

Alguns deles são Fernanda Machado - artista plástica, atriz e poeta surda; Julie Dorrico – do povo Macuxi, é doutora em Teoria da Literatura na PUC-RS, autora e pesquisadora da literatura indígena; Daniel Valencia Sepúlveda – do México, é educadore, curadore e tradutore independente, além de coordenador de ações como o laboratório A Raça Cósmica, tecnologias da branquitude e arquivos raciais na colonialidade; Michel Sleiman – há 30 anos é professor de Língua e Literatura Árabes na USP, onde coordena um grupo de tradução da poesia árabe e desenvolve estudos em tradução crítica do Alcorão; Ivete Miranda Previtalli – doutora em Antropologia pela PUC-SP e autora do livro Candomblé: agora é angola (2008).

Casa Guilherme de Almeida faz parte da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo e gerida pela Poiesis. É uma instituição que se tornou referência na área da tradução literária com suas ações de difusão, formação, pesquisa e edição que fazem a ponte entre tradutores, editores, pesquisadores, escritores e leitores. Esta edição do Transfusão – Encontro de Tradutores da Casa Guilherme de Almeida: tradução e diversidade conta com o apoio da fundação suíça para a cultura Pro Helvetia América do Sul, do Program Looren América Latina, representação latino-americana da residência de tradutores Looren (Suíça), e da Valônia-Bruxelas Internacional, representação da cultura francófona da Bélgica.

O Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida também oferece atividades formativas e de difusão voltadas para profissionais da área, para estudantes interessados em seguir a profissão e para o público leitor em geral.

A seguir, datas e horários das atividades:

X TRANSFUSÃO – ENCONTRO DE TRADUTORES DA CASA GUILHERME DE ALMEIDA: TRADUÇÃO E DIVERSIDADE

8 a 12 de setembro, quarta-feira a domingo 

Inscrições abertas neste formulário (link)

Plataforma: online e ao vivo pelo Zoom

Grátis | 350 vagas

Quarta-feira, 8/09


10h

A FRANCOFONIA LITERÁRIA NA BÉLGICA

Com Laurence Boudard e tradução simultânea do francês para o português por Marina Gilii

Esta palestra aborda a dinâmica da produção literária multilíngue na Bélgica, com destaque ao cenário francófono. O lugar da literatura de expressão francesa no sistema literário do país, bem como a especificidade dessa literatura em relação à produção literária da França, serão abordados.


15h

VISITA VIRTUAL AO MUSEU CASA GUILHERME DE ALMEIDA

Com Alexandra Rocha e tradução do português para Libras por Lara Gomes Silva.

O acervo e os espaços do museu Casa Guilherme de Almeida, residência do poeta de 1946 até a sua morte, em 1969, se fazem acessíveis numa visita virtual com tradução para Libras, conduzida pelo Núcleo de Ação Educativa do museu.

18h30

TRANSFUSÃO – X ENCONTRO DE TRADUTORES DA CASA GUILHERME DE ALMEIDA

Com Marcelo Tápia e Simone Homem de Mello

Apresentação sobre o museu e o encontro conduzida pelo diretor da Rede de Museus-Casas Literários de São Paulo e pela coordenadora do Centro de Estudos de Tradução Literária da Casa Guilherme de Almeida.

19h

DIREITOS LINGUÍSTICOS NO BRASIL: CONQUISTAS E DESAFIOS DO SÉCULO XXI

Com Julia Izabelle da Silva

A palestra aborda os direitos linguísticos como parte do Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH). Também discute os avanços mais recentes nessa matéria no Brasil, a exemplo da aprovação, em 2019, da Resolução 287 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), bem como os principais desafios presentes na implementação dessas normativas, entre eles a criação de políticas públicas na área.

Quinta-feira, 9/09

10h

POESIA SINALIZADA E SUA AÇÃO TRADUTÓRIA

Com Fernanda Machado e Rachel Sutton-SpenceHaverá tradução Libras-português.

A mesa-redonda aborda a expressão poética em Libras e a especificidade da poesia sinalizada, destacando o trânsito entre os códigos escrito e gestual e os métodos de transcrição/tradução da produção poética em Libras para o português. Nesse contexto será apresentado o projeto da Antologia de Poesia em Língua Brasileira de Sinais.

15h

O ENTRELÍNGUAS NA POESIA DE AUTORES INDÍGENAS

Com Julie Dorrico, Olivio Jekupé e Yaguarê Yamã

Poetas brasileiros indígenas discutem a ligação da sua produção poética em português com as suas respectivas tradições e línguas ancestrais. Até que ponto a interculturalidade e a tradução também são intrínsecas às suas poéticas é uma das questões a ser debatida nesta conversa.

19h

TRADUÇÃO DE TRADIÇÕES E VOZES INDÍGENAS

Com Daniel Valencia Sepúlveda, Ian Packer e Sara Lelis de Oliveira

Esta conversa permite conhecer o processo de tradução de cantos indígenas das tradições náhuatl e krahô, e, ainda, textos de autores indígenas latino-americanos. Questões como a passagem da oralidade para a escrita, a tradução mediada por uma terceira língua, os gêneros específicos de certas tradições ancestrais, as discrepâncias culturais a serem superadas na tradução norteiam a discussão entre os tradutores convidados, participantes da residência virtual “O que estamos traduzindo?”, promovida pelo Programa Looren América Latina.


Sexta-feira, 10/09

10h

TRADUZIR A BÍBLIA HOJE

Com Marcelo Musa Cavallari e Oswaldo Payon

Quem traduz a Bíblia hoje confronta-se com uma tradição textual, exegética e tradutória milenar, ao longo da qual se constituíram novas religiões e uma reflexão própria sobre a tradução de textos sagrados e literários. Esta mesa-redonda apresenta projetos tradutórios contemporâneos em língua portuguesa e aborda a especificidade da tradução de escritos bíblicos.

15h

TEXTOS SAGRADOS MUÇULMANOS E JUDAICOS EM TRADUÇÃO

Com Michel Sleiman e Moacir Amâncio

Tradutores de textos estruturantes das religiões judaica e islâmica para o português comentam a sua experiência numa mesa-redonda sobre os cânones textuais em línguas semíticas, as peculiaridades de cada religião em lidar com a tradição escrita e os diferentes propósitos e públicos para traduções contemporâneas do Alcorão e do Talmud.

19h

TRADIÇÃO E TRADUÇÕES: FACES DO CANDOMBLÉ CONGO/ANGOLA DE SÃO PAULO

Com Ivete Miranda Previtalli

Olhar para o candomblé de nação congo/angola de São Paulo remete ao embate entre as irreconciliáveis forças da tradição e da tradução resultante do hibridismo e da diversidade. Nas tentativas de ser reconhecida como autêntica, essa nação de candomblé procura reconstruir uma identidade purificada baseada em aquisições de traços culturais bantos africanos e da ‘limpeza” de elementos católicos e de nação queto, adquiridos na diáspora. No entanto, encontramos essa identidade gravitando ao redor da “tradução”, isto é, sujeita ao plano da história, da política, da representação e da diferença, o que a impossibilita de ser unitária e pura, além de dar origem a novas formas de hibridação.

Sábado, 11/09

15h

AYVU PORÃ – AS BELAS PALAVRAS NOS RITUAIS DE BATISMO GUARANI MBYA

Com Anthony Karaí Poty, Darci da Silva Karaí Nhe'ery, Eduardo Fernando Duwe e Roberto Werá

Pesquisadores indígenas Guarani Mbya e ativistas do coletivo Tenonderã Ayvu comentam as práticas de batismo do subgrupo Mbya da etnia Guarani, com base em imagens e sons gravados especialmente para o TRANSFUSÃO no interior das casas de reza das aldeias, no mês de agosto de 2021. Entre os temas abordados estão a mediação entre o ritual e a imagem digital, a tradução dos textos sagrados da língua nativa para o português e a transferência do oral para o escrito do ponto de vista de quem vive entre culturas e línguas diversas.


Domingo, 12/09

10h

DIVERSIDADE NA CENA LITERÁRIA MULTILÍNGUE DA SUÍÇA

Com Gabriela Stöckli e Ruth GantertTradução simultânea do alemão para o português por Claudia Dornbusch

A Suíça é um país onde quatro idiomas – alemão, francês, italiano e retorromânico – compartilham o cenário cultural. Até que ponto a literatura suíça nessas línguas pode reivindicar uma especificidade nacional ou não é um dos temas a serem discutidos nesta mesa, que também abordará a relação interna entre esses diferentes espaços linguístico-culturais.

14h

QUESTÕES DE RAÇA E GÊNERO NA TRADUÇÃO LITERÁRIA

Com Dennys Silva-Reis, Jess Oliveira e Sheyla Miranda

Tradutores e pesquisadores discutem os desafios colocados à tradução literária por textos que problematizem posições de raça e gênero, recorrendo a abordagens teóricas pós-colonialistas, feministas e enfoques LGBTQIA+. Possíveis consequências dessas posições para as práticas tradutórias também serão debatidas nesta mesa-redonda.

16h

TEÓRICAS DA TRADUÇÃO EM LIVRO

Com Dirce Waltrick do Amarante, Fedra Rodríguez e Sheila Maria dos Santos

Estudiosas da tradução apresentam o livro recém-publicado que organizaram com textos de importantes teóricas mulheres dos Estudos da Tradução, em tradução de profissionais brasileiras. A invisibilidade das pensadoras mulheres, o critério de escolha das dez teóricas representadas na obra, bem como o lugar do pensamento feminista nessa área de conhecimento serão alguns levantamentos da conversa.

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Ainda em setembro, a Casa Guilherme de Almeida promove uma palestra sobre como se deu o desenvolvimento do filme A Febre, dirigido por Maya Da-Rin, falado em português e nas línguas indígenas tukano e tikuna. A atividade abordará o processo criativo do roteiro cinematográfico – escrito por Maya Da-Rin, Miguel Seabra Lopes e Pedro Cesarino. O elenco principal do filme, que está disponível na plataforma Netflix, é composto por atores indígenas do Alto Rio Negro, pertencentes aos Desanos, Tucanos e Tarianas.

PALESTRA:

PESQUISA E ESCRITA DO ROTEIRO DO FILME A FEBRE

Com Maya Da-Rin, Miguel Seabra e Pedro Cesarino

Quarta-feira, 15 de setembro, das 18h às 20h  

Plataforma: Zoom | 300 vagas

Inscrições abertas até 13/09 neste formulário

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Tel.: 11 3673-1883 | 3803-8525 | 3672-1391 | 3868-4128 | E-mail: contato@casaguilhermedealmeida.org.breducativo@casaguilhermedealmeida.org.br

Agende sua visita para as exposições e confira as medidas de segurança para se proteger da Covid-19 pelo site do museu. O restante das atividades continua virtual e com programação pelos sites da Casa Guilherme de Almeida e +Cultura

R. Macapá, 187 - Perdizes | CEP 01251-080 | São Paulo | Anexo: Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Sumaré, São Paulo/SP

Acessibilidade: rampa de acesso, elevador, piso podotátil e banheiro adaptado; videoguia em Libras e réplicas táteis.

Programação gratuita

SOBRE A CASA GUILHERME DE ALMEIDA

Inaugurada em 1979, a Casa Guilherme de Almeida, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, gerenciada pela Poiesis, está instalada na residência onde viveu o poeta, tradutor, jornalista e advogado paulista Guilherme de Almeida (1890-1969), um dos mentores do movimento modernista brasileiro. Seu acervo é constituído por uma significativa coleção de obras, gravuras, desenhos, esculturas, pinturas, em grande parte oferecidas ao poeta pelos principais artistas do modernismo brasileiro, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti, Lasar Segall e Victor Brecheret. Hoje, o museu oferece uma série de atividades gratuitas relacionadas a todas as áreas de atuação de Guilherme de Almeida, da literatura traduzida ao cinema, passando pelo jornalismo e pelo teatro. Trata-se da primeira instituição não acadêmica a manter um Centro de Estudos de Tradução Literária no país. 


SOBRE A POIESIS

A Poiesis – Organização Social de Cultura é uma organização social que desenvolve e gere programas e projetos, além de pesquisas e espaços culturais, museológicos e educacionais, voltados para a formação complementar de estudantes e do público em geral. A instituição trabalha com o propósito de propiciar espaços de acesso democrático ao conhecimento, de estímulo à criação artística e intelectual e de difusão da língua e da literatura.


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