Descrição
A Sociedade de Cultura Artística nasceu em 1912 na cidade de São Paulo através de saraus realizados nas casas de membros da elite econômica e cultural paulistana. Neste período, sentiu-se a necessidade de expandir as produções culturais pela cidade, uma vez que um ano antes, em 1911, a capital inaugurava o seu Teatro Municipal de São Paulo. Foi então que alguns intelectuais, empresários e profissionais liberais criaram a Sociedade Cultura Artística. Entre os seus fundadores estavam Vicente de Carvalho, Arnaldo Vieira de Carvalho, Nestor Pestana, Frederico Vergueiro Steidel, Roberto dos Santos Moreira e Júlio Mesquita. Com o objetivo de promover eventos ligados à literatura e à música, os primeiros anos da Sociedade contaram com apresentações nacionais e, posteriormente, internacionais de saraus, conferências e recitais. O grupo utilizava dos espaços do Teatro Municipal de São Paulo para realizar as suas atividades. Entretanto, foi a partir de 1920 que eventos com artistas renomados se tornaram cada vez mais frequentes, tendo a necessidade de se criar um espaço próprio. Ligado a isto, o crescimento das produções culturais no Municipal acabou criando conflito de agendas e nem sempre era possível sediar os eventos da Sociedade. Dessa forma, Arnaldo Vieira de Carvalho, presidente então do Cultura Artística, estabeleceu como meta a construção de um espaço próprio. Construção do teatro Nas primeiras décadas do século XX, a cidade de São Paulo passava por um crescimento econômico e cultural cada vez maior. Sem dúvida, isso motivou os membros da Sociedade a juntarem joias para auxiliar na compra do terreno da futura sede. Poucos anos depois, o projeto de construção de um teatro não era mais vontade exclusiva dos membros do grupo e sim de quase todos os frequentadores dos espetáculos. O fundo criado pela diretoria possibilitou em 1919 a compra do terreno. Naquele mesmo ano, o jornal O Estado de S. Paulo[3] soltou uma matéria a respeito das futuras estruturas do teatro. Segundo o periódico, o estabelecimento teria capacidade para mais de duas mil pessoas somente no salão principal e contaria com áreas para exposições de pinturas, bibliotecas, restaurantes, salão de banquetes, etc. Gioconda Bordon, autora do livro O Reviver das Musas: O Mural de Di Cavalcanti do Teatro Cultura Artística (2011), ainda complementou que o espaço mais se assemelharia a um complexo cultural do que de fato a um teatro. Fachada antes do incêndio do Teatro Cultura Artística No entanto, alguns anos se passaram e as dificuldades econômicas que o país e os próprios sócios enfrentavam inviabilizaram a construção da sede. Somado a isto, em 1933, a morte de um dos mais importantes membros do grupo, Nestor Pestana, atrasou ainda mais o sonho. Em 1943, a Sociedade Cultura Artística recomeçou um novo projeto em parceria com o renomado arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Rino Levi. O arquiteto teve a ambição de construir algo inovador para a cidade através de avançados recursos técnicos. Somente em 1945 o projeto do Teatro estaria pronto e aprovado pela Política e administração pública do município de São Paulo. Divido em dois ambientes, um com capacidade para 1560 lugares e outro menor para 458, a planta era moderna e necessária para acomodar as atividades culturais do grupo. Por fim, as obras tiveram seu início em 1947. Em 1950, mais de trinta anos depois, surgia o tão sonhado Teatro Cultura Artística. No dia de sua inauguração, os palcos receberam a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e os maestros Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarniere. Com passar dos anos, o Teatro foi sofrendo alguns danos graves, como a queda de parte do telhado em 1955. O fundo para reconstrução não era dos melhores, o que fez com que a Sociedade procurasse investimentos alternativos por meio do aluguel do espaço à Rede Excelsior até 1970. Em seguida, os arquitetos Rino Levi e Roberto Cerqueira César elaboraram um projeto para a reforma do Teatro. O espaço foi reaberto em 1977 e ficou em funcionamento até 2008, quando um incêndio destruiu grande parte da sua estrutura interna, preservando somente o mural da fachada do artista Di Cavalcanti. O arquiteto Ver artigo principal: Rino Levi Rino Levi é hoje considerado um importante contribuinte para o desenvolvimento da arquitetura moderna em São Paulo. Nascido em 1901, o paulista se formou em arquitetura na Itália e regressou para o Brasil em 1926. Seu trabalho foi decisivo para a arquitetura da cidade e para a formação futura de gerações de arquitetos. Sua carreira iniciou no final da década de 20, estando perfeitamente integrado no panorama da arquitetura internacional. Isso sem dúvida foi um diferencial para o artista. Levi trouxe para o Brasil elementos importantes de seus estudos na Itália, o que permitiu que o seu trabalho colocasse a paisagem de São Paulo no mapa das cidades com arquiteturas mais modernas e vanguardista. Rino conquistou um importante papel como professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e desenvolveu massivos estudos para combinar a acústica com o espaço arquitetônico. Sua obra, apesar de bastante exposta em periódicos nacionais e internacionais, sofreu poucos estudos críticos.