Atualizado em 17 de mar. de 22
Criado em orfanatos, artista italiano sai de Natal para expor desenhos em Minas Gerais
Criado em orfanatos, artista italiano sai de Natal para expor desenhos em Minas Gerais
Silvano Quazza foi convidado para o Louvre, mas não conseguiu ir por falta de recursos
*Publicado originalmente em 4 de fevereiro de 2019 no extinto Portal No Ar
Silvano Quazza — Foto: Arquivo pessoal
“A vida é só isso?”, se perguntava Silvano Quazza, de 54 anos, quando trabalhava cerca de 18 horas por dia como marceneiro, na Itália. Atualmente, ele sabe que a resposta é negativa. Nos tempos livres da rotina de limpador de vidros em casas e condomínios, ele se dedica à arte do desenho, no Brasil.
Seu trabalho já foi reconhecido internacionalmente: recebeu convite para expor no Museu do Louvre, na França. Mas, por não conseguir se planejar a tempo e pela falta de recursos, não poderá expor em Paris. Mesmo assim, a curadora que o convidou para a Europa conseguiu espaço para o artista em uma exposição em Belo Horizonte (MG), entre o final de maio e o começo de junho.
Há quatro anos ele começou a se dedicar mais para a arte, adquirindo materiais profissionais e praticando por mais tempo.
Silvano conta que nasceu com o dom da arte e começou desde cedo a demonstrá-lo. “Comecei a desenhar com quatro anos de idade e já tinha noção de tridimensionalidade. Os desenhos já tinham volume, não eram apenas palitos”, conta.
Ele não fala isso com glórias, mas com o prazer pelo reconhecimento do trabalho que tanto gosta de produzir.
Com simplicidade, o italiano da cidade de Biella, no norte da Itália, mora há oito anos no Brasil. Atualmente, leva uma vida pacata no bairro de Capim Macio, zona Sul de Natal, onde também produz seus desenhos.
“Geralmente é uma imagem que eu vejo ou fotografo e dou uma melhoria ou crio o cenário”, conta Silvano sobre seu processo criativo.
Quanto aos estilos predominantes, hiper-realismo e realismo, ele fala que não busca apenas a reprodução exata dos objetos. “Além do desafio de reproduzir, procuro imagens que transmitam algo. Ultimamente tenho buscado transmitir esse algo pelo olhar”, explica.
Silvano não conheceu os pais. Crescido em orfanato, não teve muitos incentivos para trabalhar como artista. “Se tivesse crescido em Roma ou em Florença, cidades onde a arte tem mais possibilidade, talvez teria mais oportunidades”, conta.
Quando trabalhava em um condomínio de casas em Pium, Silvano criou amizades e chegou a conhecer a diretora do local, que ficou sabendo do trabalho artístico do rapaz. “Ela fez uma exposição em agosto do ano passado lá. Os moradores cederam o espaço e patrocinaram com molduras para as obras”, afirma.
Ainda no condomínio, ele também conheceu uma pintora que mora no local. Ao conhecer o trabalho de Silvano, ela o incentivou a criar um Instagram para expor suas obras. “Serve como uma vitrine para mim”, aponta Silvano.
Os moradores do condomínio também se mobilizaram para que Silvano consiga ir para a exposição em Minas Gerais. A oportunidade surgiu, inclusive, no Instagram, quando a curadora conheceu as obras dele. Acabei conhecendo pessoas que me ajudaram e me ajudam na arte. Acho muito bom essas conexões”, afirma o artista.
Confira os trabalhos de Silvano Quazza: https://www.instagram.com/silvanoquazza/