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Angélica Prieto

São Paulo,
Idade: 33 anos
Profissional da Arte
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Angélica Prieto
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5 coisas para NÃO fazer quando você enviar seu material para as agências

“Enviei meu material para várias agências e até agora não obtive resposta”. O que aconteceu? O que posso fazer melhor na hora de enviar o portfólio? Como me destacar entre os vários profissionais que fazem chegar o seu material todos os dias?

Para ajudar você nessa tarefa, o myClappy analisou vários sites de agências de atores, e conversou com alguns agentes para saber um pouco mais sobre o que pode ter acontecido para o seu material não ter sido analisado. 

Fizemos uma lista de cinco erros, muitas vezes, cometidos no momento de enviar o portfólio:

1. Não pesquisar sobre o trabalho da agência previamente (e talvez não se enquadrar no perfil procurado)

É importante estar dentro das exigências colocadas pela agência. Logo, é necessário visitar o site, bem como as redes sociais para conhecer o DNA da agência.

Isto é, procurar saber se é uma agência de atores, de modelos, quais as idades com que trabalham, qual a localização geográfica/mercado da agência, que trabalhos tem no portfólio, que perfis costumam trabalhar, e assim por diante.

2. Enviar material a mais (ou a menos) para o lugar errado

Existem agências cujos sites já disponibilizam um espaço dedicado, exclusivamente, ao cadastro de novos talentos. Noutros casos, a atriz e o ator devem entrar em contacto através do e-mail indicado no site da agência. É bom confirmar qual a melhor via de acesso para garantir que o seu portfólio seja recebido e avaliado.

Diariamente, os agentes recebem inúmeros cadastros e propostas de agenciamento. É fundamental entender qual a dinâmica escolhida pela agência para o envio de material - e não simplesmente disparar todo o seu material sem uma boa curadoria.

Tente adaptar o seu portfólio àquilo que é pedido pela agência. Tente não pecar pelo excesso nem pela falta. Envie o necessário.

3. Submeter fotografias fora do contexto

Na hora de enviar as suas fotografias confirme no site das agências (as que tiverem secção de cadastro disponível) ou através do e-mail de contato, quais são os requisitos de envio das imagens, quais os planos necessários (médio, close, corpo inteiro, etc), o formato da imagem (JPG, PNG), a quantidade de fotos, etc.

A maioria das agências, nesse primeiro momento, busca fotografias em que a atriz e o ator estejam o mais natural possível – sem muita maquiagem e poses fora do comum, assim como fotos com pouco tratamento de imagem.

4. Enviar vídeos fora dos padrões/formatos

Tal como no caso das fotografias, é essencial averiguar quais os padrões de vídeo pedidos. É fundamental ter em atenção os formatos (upload), em que plataformas o vídeo está alojado (Youtube, Vimeo), qual a duração do vídeo, que tipo de vídeo se trata (breve apresentação, monólogos, demo reel).

5. Contatar os agentes por outras vias e não pelos canais de comunicação oficiais

Para fechar a lista, está o fato de que muitas atrizes e atores inundam as caixas de entrada ou perfis pessoais dos agentes com mensagens. O procedimento mais adequado passa por entrar em contato com a agência através dos canais de comunicação oficiais, como o e-mail, o site, redes sociais, etc.

Recapitulando: leia todos os requisitos colocados pela agência, pesquise sobre o trabalho da mesma, prepare o seu material com atenção (e personalize consoante a agência escolhida) e busque entrar em contato pelos meios oficiais.

Estas são algumas dicas para ajudar você a entrar numa agência! Tem mais alguma sugestão? Manda para a gente :)

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Angélica Prieto
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CINEMA e SÉRIES: Haverá retomada em 2021? Produtora de elenco Marcia Godinho acredita que será o "melhor ano" (se houver vacina)

"Nunca tinha visto o mercado [para série e Cinema] tão aquecido como no início desse ano", afirma Marcia Godinho, que há 13 anos trabalha como produtora de elenco.

Contudo, a pandemia forçou a paralisação de inúmeras produções audiovisuais. Atrizes, atores, técnicos, diretores, roteiristas e produtores se depararam com o aumento de incerteza sobre o seu futuro profissional.

Ainda que novos protocolos de segurança estejam a ser implementados, haverá trabalho no próximo ano? Que áreas estão sendo mais afetadas: Cinema, Publicidade, Séries? O que fazer enquanto não tenho trabalho? Muitas são as questões que surgem neste momento.

Para entender um pouco mais sobre a atual situação do mercado audiovisual e saber quais são as expectativas para o ano de 2021, conversamos com a produtora de elenco Marcia Godinho, que já trabalhou ao lado de diretores como Mauro Mendonça Filho, Rodrigo Meirelles, Sérgio Machado, Julia Jordão, Aly Muritiba e Marcos Jorge.

Apesar da pausa forçada nas produções, Marcia Godinho acredita que, por outro lado, o online veio aproximar o produtor de elenco do ator: "Essa parte foi muito interessante, de quebrar um pouco essa barreira, porque fica sempre o produtor de elenco como uma coisa distante, inalcançável, e na verdade, não é".

É possível dizer que estamos tendo uma retomada dos testes de elenco no audiovisual? Se sim, existe uma maior demanda entre áreas, isto é, Publicidade, Cinema e TV?

Quanto à retomada, eu sei que está rolando bastante coisa para Publicidade, mas eu trabalho mais com Série e Cinema, e ainda não estou envolvida em nenhum projeto. Eu vejo que alguns pouquíssimos produtores de elenco no Brasil, de Série e Cinema, estão com alguns projetos (início e em pré-produção), mas a maioria ainda não foi retomada. A ideia é que a retomada seja ano que vem.

É possível dizer que existe uma espécie de sazonalidade nos testes de elenco? Com a pandemia essa dinâmica foi alterada?

Eu acho que a palavra não é sazonalidade para os testes. Eu acho que com a chegada do streaming, aumentou claro [o número de testes], teve uma demanda muito maior, porque vieram mais séries, produções independentes aqui para o Brasil, mas por conta da pandemia houve essa pausa que a gente espera que seja retomada ano que vem.

Geralmente, pela minha experiência, Dezembro e Janeiro são os meses mais fracos do ano para trabalho, mas já aconteceu de entrar projeto em Dezembro. Sempre tem a pausa do Natal e do Réveillon, que aí sim ninguém trabalha e a gente já sabe que mesmo que quiséssemos fazer algum teste, os atores estarão viajando, encontrando suas famílias - é um outro momento em que não rola nada.

Como você avaliaria 2020 em termos de testes de elenco comparativamente a anos anteriores?

Eu estou desde 2017 sem parar, pegando um projeto atrás do outro, sendo que eu não trabalho com Publicidade, e esse ano, em especial, eu vi muitos projetos acontecendo no início do ano e essa pausa foi uma pena gigante – além de todas as questões que a pandemia causou. Eu nunca tinha visto o mercado tão aquecido como no início desse ano, para Série e para Cinema.

Quais têm sido os principais desafios para uma produtora de elenco durante a pandemia? E de que forma você procurado se adaptar a esse novo momento?

Para mim que não trabalho com Publicidade, foi uma grandessíssima questão. O meio que eu encontrei de continuar contribuindo e de continuar na minha área foi através de consultorias para atores* - porque querendo ou não, eu sou a pessoa final, junto com o diretor - passar para eles [atores], o entendimento do que a gente procura num ator, de como funciona o mercado, de como funcionam os testes, dar dicas de atuação.

Eu comecei a ver que o online abriu muitas portas para aproximar os produtores de elenco dos atores - e não só no eixo Rio-São Paulo -, eu pude dar consultoria para pessoas da região amazônica, do Pará, de outros lugares que normalmente não têm tanto acesso a cursos e tudo mais.

Essa parte foi muito interessante, de quebrar um pouco essa barreira, porque fica sempre uma coisa muito distante, o produtor de elenco como uma coisa distante, inalcançável, e na verdade, não é.

Quando a gente entra num projeto, a gente entra de cabeça e não tem tempo para conversar tanto, para dar todos os feedbacks que a gente gostaria de dar para todos os atores, nesse sentido, foi algo positivo e é assim que eu estou me virando, dando consultorias, workshops online.

Para mim está sendo muito interessante, conhecer novos talentos, pessoas que eu não conhecia antes, de poder contribuir para um mercado mais profissional. Para que as pessoas entendam o que a maioria dos diretores têm procurado hoje em dia, dessa linguagem cinematográfica que está indo para as séries também.

Qual a sua expectativa, como produtora de elenco, para o próximo ano? Você acredita numa retomada?

A minha expectativa é que nos primeiros meses do próximo ano, as coisas sejam retomadas, mas sei que tudo depende da questão da vacina - e não só da vacina ser descoberta, mas ela ser distribuída e eu sei que demora um tempo, tem a questão das idades, do SUS, do particular. Eu não sei como vai ser essa divisão, se você pagando, as produtoras pagando, vamos ter um acesso mais rápido a essas vacinas ou não. Eu, realmente, acredito que depende disso a retomada.

Mas eu tenho fé de que vai dar tudo certo, de que vai rolar e de que no primeiro trimestre do ano que vem, as coisas comecem a ser retomadas, pré-produções rolando. E aí quando rolar essa retomada, com segurança, 100%, vai vir bastante coisa, projetos que estavam acumulados para esse ano, retomada de projetos que foram parados.

Eu tenho um projeto que tem uma previsão de ser retomado em março, acredito que tendo a vacina, o ano que vem vai ser o nosso melhor ano (para o audiovisual).

Que conselho você deixaria às atrizes e atores neste momento?

O conselho que eu dou é se dedicar ao estudo. Se dedicar a você mesmo, está todo mundo num movimento interno, já que do lado de fora está uma confusão e a gente não sabe de nada, então está todo mundo meio que sendo obrigado a virar budista, e a pensar no dia de hoje.

Mas o que é que a gente pode fazer? Sobre o que é que a gente tem controle agora? Nós só temos controle sobre nós mesmos e olhe lá, então assistir tudo o que tiver para assistir. Se experimentar, fazer o seu próprio material, aproveitar que com o celular, hoje em dia, dá para fazer bastante coisa, buscar textos, se filmar, e estudar.

Aproveitar essa gama de cursos online que estão rolando, com preços mais acessíveis. Se não tem como pagar, vai assistir filmes, vai reproduzir as cenas e organizar o material. Entrar nos sistemas, como Elenco Digital, renovar cadastro com a Globo, tem rolado uma renovação online, e investir em si mesmo para quando as coisas voltarem, estar com tudo mais organizado.

Aquele tempo que a gente reclamava que não tinha antes para cuidar de si mesmo e para se organizar e investir, agora a gente tem.

Principais trabalhos de Marcia Godinho

Séries

  • Mal Secreto (Globoplay, O2), direção de Mauro Mendonça Filho e Rodrigo Meirelles
  • Hard (HBO, Gullane), direção de Rodrigo Meirelles e Julia Jordão
  • Os Irmãos Freitas (Canal Space/TNT, Gullane), direção de Aly Muritiba e Sérgio Machado
  • BUUU! (Globosat, Casablanca), direção de Chris Tex

Longas

  • Abestalhados 2 (Zencrane), direção de Marcos Jorge e Marcelo Botta
  • Deserto Particular (Grafo Audiovisual), direção de Aly Muritiba
  • Cidade Ilhada / O Adeus do Comandante (TC Filmes, Gullane), direção de Sérgio Machado
  • Meu Último Desejo (Aurora Filmes), direção de Arnaldo Jabor
  • Talvez Uma História de Amor (Chocolate Filmes), direção de Rodrigo Bernardo

*Link para workshops/consultoria de atores: https://www.instagram.com/marciagodinhocasting/

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Angélica Prieto
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“Ser mulher, escrever e viver no Brasil são atos de resistência diária”. Entrevista com a escritora Renata Belmonte

Renata Belmonte lançou o seu primeiro romance "Mundos de uma noite só" no dia 13 de março deste ano, pouco antes de o Estado de São Paulo entrar, oficialmente, em quarentena.

“Uma despedida sobre a vida como ela era", recorda a escritora, que mesmo num ano marcado pelas incertezas e desafios trazidos pela pandemia sente que os leitores “estão fazendo [o seu livro] acontecer”.

Em entrevista ao myClappy, Renata Belmonte fala sobre o seu romance de estreia, o seu "compromisso radical como artista" e os desafios de uma mulher escritora que vive e (resiste) no Brasil, num momento em que livros voltaram a ser queimados publicamente.

Mãe de duas filhas, a escritora de 38 anos nasceu em Salvador e mora há 12 anos em São Paulo. É amante das “histórias” e das “palavras”, mesmo antes de se descobrir advogada: “trabalho com o Direito”, mas “nunca houve alternativa”: “sou uma escritora”.

Antes de "Mundos de uma noite só", publicou três contos - dois deles premiados: “Femininamente” (Prêmio Braskem de Literatura, 2003), “O que não pode ser” (Prêmio Arte e Cultura Banco Capital, 2006) e “Vestígios da Senhorita B” (2009).

Renata Belmonte descreve a sua “honestidade literária” como “absoluta e brutal”. Uma escritora que abre a escuta “a todo o tipo de gente” e consente o próprio “fracasso” como um ato de fé na literatura contemporânea.

O que significa dizer que a Renata é uma escritora que “não faz concessões”? É a sua obra que não faz, ou a própria Renata em si?

Quando o [escritor] Luiz Ruffato me definiu deste modo, no texto de orelha do “Mundos de uma noite só”, também fiquei impactada com tais palavras. Porque estar vivo, em qualquer tempo, significa saber se colocar em movimento e transigir com os elementos que nos cercam. Assim, num mundo marcado pela intolerância, creio ser uma imensa virtude a capacidade de transformação de si mesmo, a partir de trocas com o outro. Mas isto não significa que devemos renunciar ao nosso núcleo fundamental, ao que nos faz únicos.

Eu escrevo a partir daquilo que meus personagens me pedem, eu os respeito, os compreendo como matéria pulsante. E como acredito que as histórias se contam sozinhas, penso que o meu papel é, justamente, saber traduzir o que o próprio texto tem para me dizer. Parece-me, então, que quando o Ruffato fala que eu não faço concessões, ele se refere ao meu compromisso radical como artista, a este meu exercício de liberdade estética, à minha honestidade literária absoluta e brutal, algo que se percebe, ao longo da leitura do Mundos.

Primeiro: três livros de contos publicados (dois deles premiados), em seguida: um romance que chega às livrarias em plena situação pandêmica. Além disso, uma vasta formação em Direito. O que a motivou a embarcar no universo da literatura?

Reconheço-me uma escritora, ainda antes de ser capaz de decalcar as primeiras letras. E comecei a me preparar para uma vida devotada às histórias, desde muito pequena. Isto se confunde com quem acredito que sou, nunca houve alternativa. Considero-me uma “exploradora da existência”, como bem definiu Milan Kundera. Costumo estar aberta para a escuta de todo tipo de gente, penso que a diversidade enriquece a minha experiência como pessoa e não acredito que alguém possa ser um bom escritor sem um conhecimento profundo da alma humana. Não sou juíza dos meus personagens, tampouco defensora deles, mas apenas alguém em diálogo, buscando receber aquilo que eles desejam me entregar.

O Direito chegou na minha vida, já bem mais tarde, como uma escolha, um meio para viabilizar minha sobrevivência (o que inclui, inclusive, o luxo da escrita livre). E preciso ressaltar que, ao contrário do que se pode pensar, não vejo antagonismos entre as minhas atividades.

Hoje em dia, inclusive, transito muito bem entre estes dois mundos porque resolvi apostar num olhar de complementaridade entre eles. Atuar como advogada me ajuda a sair de zonas de conforto, sou convidada a ser mais objetiva, a pensar com a cabeça do outro, a conviver com estruturas e métricas muito distintas das minhas. Pode-se tirar muito disto, basta que se seja capaz de construir seu próprio santuário interno e que se saiba, com alguma exatidão, quem você é e até onde suporta o seu desejo.

Como se dá no seu dia-a-dia essa fusão entre a Literatura e o Direito?

Há um trecho, em Grandes Sertões Veredas: “Eu era dois, diversos? O que eu não entendo hoje, naquele tempo eu não sabia”. Permaneço sem controle destes processos, a Literatura e o Direito se impõem, cada um no seu tempo, de acordo com suas próprias circunstâncias.

Em poucas palavras, como você descreveria o universo de “Mundos de uma noite só”?

“Mundos de uma noite só” é um livro em que o leitor precisa, assim como sua protagonista, consentir se perder para ser capaz de, quando no final da leitura, se encontrar. Ele é um mergulho profundo naquilo que temos em comum na nossa humanidade compartilhada, é um passeio pela memória que se revela falha e incapaz de dar conta de nossa própria vivência. Os personagens são ambíguos, apaixonantes, vivos. Foi um imenso prazer fazer parte de tudo isto.

Por quê você decidiu dar vida a esta história? Que simbologia traz o colar/relicário que vemos plasmado na capa?

O prólogo do Mundos se apresentou inteiro, apenas precisei me sentar e colocá-lo no papel. A sua voz narrativa se impunha, desde o princípio. Então somente fiz o que foi preciso, segui o fluxo, pois este livro não nasceu de modo organizado ou racional. Sua capa foi produzida pela Raquel Matsushita, grande artista e escritora, que captou com perfeição seu espírito.

Afinal, quantos não ditos carregamos porque os tememos e não somos capazes de chamá-los pelos seus próprios nomes? Sabemos mesmo quem são, de verdade, aqueles que mais amamos? O que são retratos, senão lembranças estáticas daquilo que projetamos ser?

Quais têm sido os principais temas, tormentos, estranhezas que podemos encontrar nos seus textos?

No Mundos, busquei construir um romance de formação do feminino, a partir de acontecimentos públicos e privados, assim como também tentei descortinar as estruturas que moldam as existências ditas “marginais”.

Nunca é simples bancar o preço de ser quem se é, estando ou não no centro, afinal, pouco sabemos sobre de onde viemos e para onde iremos, depois destes corpos. Então, podemos dizer que o Mundos é também um livro sobre fé, sobre nosso próprio mistério constitutivo, sobre a estranheza elementar que é se descobrir vivo.

Quais têm sidos os principais desafios para quem escreve, é mulher e vive no Brasil? E como atravessar estes tempos sombrios em que livros são queimados?

Somos descendentes da linhagem das bruxas e sabemos que, quando desafiamos a ordem patriarcal, sempre existirão os que tentarão encontrar modos de calar nossa voz, silenciar nossos corpos. Ser mulher, escrever e viver no Brasil são atos de resistência diária, bravura, na medida em que você continua desafiando o poder instituído, apenas ao sair na rua, apenas ao ousar dizer quem é.

Vivemos em tempos de violência oficial, institucional, mesmo que, em alguns casos, ela se revele apenas no plano simbólico. E aqueles que queimam os livros são os mesmos que temem descobrir sua própria falibilidade, vivem a barbárie já em si, pois não suportam a impotência humana, a incapacidade de controlar o tempo, a morte. Pobre ilha, pobres habitantes. Se engana quem acredita ser capaz de impedir a transmissão do legado da liberdade para as futuras gerações, pois, apesar do fantasma do medo, a vida sempre se providencia.

Para o futuro, quais são os projetos pensados? Mais contos, mais romances, poesia?

Um romance. E o desejo da típica da poesia de estar viva.

Há uma frase da autora francesa Anaïs Nin muito pertinente àqueles que escrevem: “Escrevemos para provar a vida duas vezes, no momento e no seu retrospecto”. Poderíamos dizer que tal se aplica à Renata?

Há algo que preciso confessar: em muitos momentos definitivos da minha vida, fiquei paralisada, incapaz de dar conta daquilo que estava sentindo, quase como se as minhas emoções e palavras faltassem. Creio então que a escrita, no meu caso, significa a oportunidade de tomar a minha própria existência de modo completo, uma chance de estatuir, presentificar o passado, suportar aquilo que eu mesma não soube dizer, ser, no instante preciso.

O livro "Mundos de uma noite só", escrito por Renata Belmonte e editado pela Faria e Silva, pode ser adquirido aqui.

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